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SOBRE

Myriam atua na linguagem abstrata com caráter geométrico. Muito relacionada às tradições construtivistas, desenvolve suas obras com apurada visão e senso estético, onde figura e fundo se equilibram, e se desdobram em composições de elementos como linhas, formas e cores.

Inicia o desenvolvimento de sua pesquisa atual em 2016 numa vontade de experimentar novos suportes, ressignificando materiais de resíduos industriais, como embalagens de papel e restos de madeira transfigurando-os pela cor e organizando-os em espécies de pinturas-relevo. Em 2021 durante a pandemia a artista volta para linguagem pictórica sobre tela, agora com o tema desenvolvido a partir de sua colagens/relevos. Recortes geométricos de cores organizadas em sua extensa paleta flutuam em um espaço neutro e matizado entrecortados por linhas e perfis retangulares. A característica tridimensional, antes obtida pela textura e volume dos materiais, agora é simulada por formas oblíquas que sugerem dobraduras, por sobreposições e por uma sensação de continuidade para além dos limites da tela.

 

“Decidi sair do suporte tradicional da pintura sobre tela escolhendo o papelão depois de perceber o excesso deles descartados na cidade no dia da coleta. Há 3 anos comecei a olhar o papelão não mais como um meio mas como um fim, e a partir daí deixei as formas quadradas, retangulares e a movimentação de suas abas e agreguei ao atelier ferramentas como réguas, esquadros, fita, cola, estiletes e tesouras. Desse novo olhar volto para pintura sobre tela, agora com um tema e um desafio de trazer a pesquisa para o plano bidimensional, nasce a série AbaPlana”, comenta a artista.

 

Dizem que a arte provoca perguntas, finalizo esse texto com essa: Porque fazer arte geometrica hoje?

 

“A artista Myriam Glatt trabalhando essencialmente com papelão, mas também com páginas de jornais e caixas de fósforo, tem redefinido o lugar de sua produção pictórica, pelas propriedades do novo suporte, por seu caráter residual e amplamente acessível, e pelo interesse na passagem do plano ao espaço, procedimento favorecido pela estrutura que esses materiais costumam apresentar.

 

Duas questões, pelo menos, surgem aqui, de modo mais evidente. De um lado, a experiência pessoal com a pintura, visto que a artista vem se dedicando a essa linguagem há algum tempo. É fato que sua pesquisa atual advém de um desdobramento inerente aos processos plásticos e a indagações a eles relacionadas, ou seja, não se trata de uma novidade, compreendendo um estágio de uma investigação mais ampla. Por outro, um diálogo inevitável com a propalada noção de sustentabilidade, que proporciona novo olhar para a ecologia (não limitando seu sentido ao senso comum depreservação da natureza), ao trazer para primeiro plano o papel que o ser humano tem na manutenção da vida no planeta, incluindo a si mesmo e a seus semelhantes nessa tarefa.

 

“Para a artista, interessa propor novos sentidos para esses suportes descartados, rearticulá-los e reintroduzi-los no sistema simbólico dos objetos, mas também dar continuidade a investigações próprias da pintura, como a relação modular entre a forma simples e sua repetição, o gesto evidente na pincelada e a impregnação dos campos de cor, a dinâmica entre a superfície da pintura e sua espacialização, transformando-se em objeto artístico. Esse último aspecto, em particular, remonta a investigações plásticas e conceituais de alguns artistas brasileiros, entre os anos 1950 e 1960, na fusão entre pintura e escultura, para criar uma nova categoria (objeto), caracterizando no Rio de Janeiro, cidade natal da artista, a passagem do concretismo para o neoconcretismo.”

 

“....através do  interesse da artista sobre certo aspecto particular de Brasília: os azulejos modernistas de Athos Bulcão, nasce o Painel Brasília. A partir da modulação, detalhes de imagens que fazem referência a formas geométricas e orgânicas reconhecidas na arquitetura, na escultura, na fauna e na flora da capital federal, combinam-se de diferentes modos, apontando para uma diversidade de arranjos e para novos caminhos a serem explorados nesse processo. O painel de azulejos reitera a pesquisa da artista sobre a relação entre o módulo e sua repetição, assim como sobre a espacialização da pintura, na sua relação íntima com a parede como elemento arquitetônico” Ivair Reinaldim

“O corpus da obra da artista é de difícil classificação e não se conforma em permanecer em escaninhos rijos. Pintura, tridimensional, colagem e desenho se coadunam para oferecer elementos variados de apreensão ao espectador . Uma política do precário e uma imbricada relação com o cotidiano se descortinam sobre os trabalhos da artista”. M. Gioia

“Os trabalhos com descartes  são resultados de uma vontade de arriscar, de sair da zona de conforto, me libertando do tradicional chassi. A partir desta ação, a pintura vira instalação ou relevo, como gosto de chamar as obras em papelão”.Já nas pinturas sobre jornal, um descarte diário coletado ao longo de 4 anos, a opção pela pouca interferência permite que os espectadores leiam os textos publicados sobre arte, marcando o diálogo entre suporte e pintura”. M. Glatt

“Caminhando pela cidade, uma vontade de experimentar novos suportes estende meu ateliê para o campo urbano. Os papelões descartados nas calçadas no dia de coleta reciclável me chamam a atenção”. E a deriva urbana, uma política do precário e uma imbricada relação com o cotidiano se descortinam sobre os novos trabalhos de Myriam”. M. Gioia

“A carioca é hábil em construir um tema banal, no entanto esculpindo com tinta, luz, cor, volume e sombra motivos que nos vêm a remeter à complexidade do feminino. Entre o desabrochar e o retrair-se, a expansão e a contenção, o flexível e o rijo, a artista continua a renovar tradições da história da arte e a gravar inquietudes contemporâneas nesse corpus”. M. Gioia

"Gosto de dizer que estou “ENTRE” e convido o espectador que entre com esse olhar nas minhas obras. Um olhar que não almeja conclusões: mas produz indagações.“Entre o abstrato e o figurativo? “Entre a pintura e a escultura?“ Entre o bi e o Tridimensional?" M. Glatt

"Deslocar, apropriar, selecionar, cortar, colar parece fazer parte de um pintor contemporâneo?!" M. Glatt

"Indomável natureza de expansão luminosa excitada pelo olhar irradia sua vontade sobre a arquitetura que estabelece inúteis limites. A materialidade da cor e o suporte. Sob a potência da cor a fragilidade do papel, sob o véu das interpretações a embalagem, o produto, o descarte. O gesto transfigurado em suporte-cor. Simbioticamente indistintos."  Mayer

Na minha 1a individual em 2015 apresentei  elementos da natureza em repetição.  Sementes, flores, nuvens, pedras, bananas etc...  Vindo da pintura abstrata (anos 90) a repetição de 1 elemento figurativo  e em grandes formatos  criava um espaço pictório abstrato pois aquele elemento se fundia numa massa e isso me interessava e continua me interessando. 

M. Glatt

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